Passei quase um mês trancada em casa chorando e dormindo”, diz estudante que sofre de depressão

De acordo com especialistas, remédios e terapia são essenciais ao tratamento da doença

Eloisa sofre de depressão desde os 15 anos | Arquivo Pessoal

Eloisa sofre de depressão desde os 15 anos | Arquivo Pessoal

Não foi apenas uma vez que Eloisa Matthiesen, de 19 anos de idade, teve crises de choro, “falta de vontade para fazer as coisas”, atitudes agressivas contra os pais e seus amigos ou excesso de ansiedade. Há quatro anos, ela luta contra um fantasma da sua vida: a depressão. Assim como a estudante de engenharia elétrica, cerca de 8% da população brasileira sofre com esta doença e 15% das pessoas sofrerão deste mal em algum momento da vida, de acordo com dados da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Foi aos 15 anos de idade que Eloisa descobriu que havia algo errado. Segundo a estudante, na época, ela não sentia vontade de “socializar com ninguém” e “chorava sem saber” os motivos.

Minha mãe tentava me levar para comprar roupas, fazia de tudo para me ajudar, mas não adiantava. Ela acabou chamando um médico da família que me deu remédios antidepressivos. No meu caso, tenho este problema porque tenho baixa autoestima. Sempre fui gordinha e achava que as pessoas se aproximavam de mim por falsidade. Então, eu era agressiva com todo mundo. Passava maior parte do tempo no quarto e não falava com ninguém.

Para o psiquiatra Kalil Duailibi, da Associação Brasileira de Psiquiatria, pode-se se dizer que a pessoa está em depressão quando ela “perde o interesse e prazer nas coisas e humor fica deprimido”.

— O interesse da pessoa fica diminuído. Tudo fica mais difícil. Ela deixa de fazer atividade física, de fazer as coisas que gosta.  Há desde quadros mais leves, em que a pessoa fica mais em casa, não sai com os amigos, até situações mais graves em a pessoa acha que a vida não vale a pena.

Tratamento e volta por cima

Apesar de tomar remédio antidepressivo, Eloisa relembra que em 2011, em uma de suas fortes crises, ela passou quase um mês sem sair de casa.

Eu só dormia e chorava. Acordava e chorava. Dormia, acordava e chorava de novo. Em fevereiro deste ano também tive outra crise em que quase virou uma de pânico. Eu voltava da faculdade e não queria fazer nada. Parei de ir ao psicólogo e tudo mais. Foi então que meus pais resolveram me mudar de psiquiatra e agora conseguiu controlar.

Duailibi explica que há classes de remédios contra a depressão e as escolhas são feitas de acordo com cada paciente. Segundo ele, é necessário verificar se a pessoa perdeu peso ou não, quais sintomas que ela tem. O tratamento demora de duas a três semanas para dar “uma boa resposta” e tem que ser prolongado e não pode ser interrompido.

— É necessário mudar também os hábitos de vida. Fazer atividades físicas pelo menos quatro vezes por semana. Além disso, investir na psicoterapia ajuda a entender o que se passa na vida dela e ela descobre como desarmar os gatilhos. Alimentação saudável ajuda a prevenir a depressão, como peixes, atum e sardinha, além de frutas vermelhas pequenas, como cerejas, framboesa e amora. Esses alimentos têm substância chamada de antocianina que protege os neurônios.

Importância da terapia

Para o psicanalista e professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Claudio Cesar Montoto, a terapia é essencial no tratamento de depressão para que a pessoa “possa se defrontar com as suas questões mais fundamentais”.

— A terapia não é indicada para quem está louco e sim para que não se enlouqueça. O indivíduo pode passar a vida toda, até morrer sem nunca ter mexido em nenhuma questão fundamental  a respeito de como lidar com si mesmo e com o outro. Isso não significa que houve uma evolução emocional. Pode se lidar com o outro, aos 70 anos de idade, do mesmo jeito que se lidava quando se tinha 11 anos de idade. No entanto, fazer análise, por exemplo, significa ter que aceitar o desafio de mergulhar no mais profundo do ser para se defrontar com o que há de melhor e de pior em nós mesmos.

Montoto ainda explica que  a melhora dependerá “do percurso que o sujeito fará para lidar com a depressão”.

— Sofrimento sempre fará parte da existência humana, a diferença estará em como lidar com esse sofrimento.

Fonte: http://noticias.r7.com/saude/passei-quase-um-mes-trancada-em-casa-chorando-e-dormindo-diz-estudante-que-sofre-de-depressao-16052013 |Vanessa Sulina, do R7

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2018-02-02T17:09:51+00:00 25 de fevereiro de 2014|Categorias: Blog, Sem categoria|2 Comentários

2 Comentários

  1. edson jose onezorg de souza 25 de fevereiro de 2014 às 20:03 - Responder

    Eu sempre me isolei mas sempre fui agressivo. Mas me lembro de ter desenvolvido uma depressão desde os quatorze anos e comecei a ter crises aos dezeseis e apesar de eu ser às vezes até violento, por isso tive sérios problemas de relacionamento quedestruiram minha autoestima ate hoje.

    • Equipe Abrata 26 de fevereiro de 2014 às 11:27 - Responder

      Prezado Edson

      Procure um médico psiquiatra para vc conversar, obter um diagnóstico, se cuidar mais assertivamente e a ter uma vida com mais qualidade. Buscar o apoio psicológico também é recomendado, pois poderá favorecer o resgaste e restabelecimetno das relações afetivas, interpessoais e familiares, além da manutenção de um bom estado de saúde física.
      Que tal iniciar ou continuar a prática da atividade fisíca, assim como a manutençao de uma rotina e hábitos saudáveis que poderão contribuir para melhoria da sua qualidade de vida.
      Procure um psiquiatra para lhe orientar e proporcionar um tratamento. A sua vida diária, o cotidiano poderá ser mais mais agradável.
      Abraços
      Equipe ABRATA

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