‘Deprê’ de fim de ano? Saiba como combater

Especialistas lembram: é hora de abraçar amigos e familiares - e não a tristeza (Getty Images/VEJA)

Especialistas lembram: é hora de abraçar amigos e familiares – e não a tristeza (Getty Images/VEJA)

John Lennon iniciou uma canção famosa da sua fase pós-Beatles com o seguinte verso: “Então é Natal / E o que você tem feito?” (Merry Christmans – War Is Over). É uma pergunta desconcertante para uma época do ano que pretende reunir e pacificar, e nos coloca diante de reflexões existenciais sobre vitórias e fracassos pessoais. Segundo especialistas ouvidos, o período de Festas tem, de fato, esse poder. Em outras palavras: ao invés de encerrar uma noite de celebração abraçada a parentes e amigos queridos, muita gente termina agarrada à tristeza e autocomiseração.

“É uma época de cobranças, em que fazemos balanços do que foi conquistado. E isso pode trazer sentimentos de fracasso, baixa autoestima e desesperança”, explica Acioly Lacerda, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele acrescenta que constatações clínicas revelam aumento de casos de depressão e tristeza nessa fase do ano. “As Festas podem funcionar como um gatilho para quem tem pré-disposição à depressão”, completa o psiquiatra Ricardo Moreno, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Pular sete ondinhas na praia ou comer lentilha podem não resolver toda a questão. Mas os especialistas acreditam que há maneiras de combater a eventual “deprê de fim de ano”.

Em primeiro lugar, é aconselhável evitar o rigor excessivo consigo mesmo, além de relativizar os acontecimentos recentes. “Ao invés de fazer uma lista das coisas ruins que ocorreram no ano, enumere as boas”, diz Moreno. O segundo passo é lembrar o quanto se é querido pelas pessoas mais próximas – as que realmente importam. Isso ajuda a elevar a autoestima.

Um terceira dica do psiquiatra: as Festas são um momento propício para tentar resolver conflitos com familiares e amigos. “É uma ocasião em que as pessoas estão abertas para ouvir, perdoar e restabelecer vínculos afetivos”, diz Moreno. “Esse sentimento gregário é inconsciente, mas é o verdadeiro espírito de Natal.”

Os especialistas advertem também que é preciso tomar cuidados ao se olhar para o futuro, para o Ano Novo que chega. Isso vale especialmente para aquelas pessoas que planejam uma “revolução” a cada Réveillon. “Essa data não deve ser encarada como um marco para uma vida nova, pois isso gera um clima de euforia e ansiedade”, aconselha Lacerda.

Nesse sentido, é de grande ajuda não estabelecer metas inatingíveis e prazos para a mudança – o que pode criar ambientes favoráveis à depressão. Ou seja, risque da lista de metas a ideia de perder vinte quilos, comprar a casa dos sonhos ou ser promovido a presidente da empresa se não há chances de isso acontecer. “Ter metas é bom, desde que elas sejam alcançáveis. É preciso adequar os desejos às possibilidades”, afirma a psicanalista Dorli Kamkhagi, especialista em estudos do envelhecimento.

Por fim, pode-se voltar à canção de Lennon. Logo após o trecho citado na abertura desta reportagem, ele emendou: “Outro ano se encerrou/ E um novo acaba de começar.” Ou seja: a despeito de nossos eventuais fracassos passados, uma nova etapa, uma nova oportunidade se abre à nossa frente.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/depre-fim-ano-saiba-como-combater-depressao-natal              Jornalista: Natalia Cuminale

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2018-02-02T17:10:55+00:00 8 de dezembro de 2014|Categorias: Blog, Depressão|Tags: , , |2 Comentários

2 Comentários

  1. Maria da Gloria Frigoletto 9 de dezembro de 2014 às 22:15 - Responder

    Sou psicóloga.Seria possível ABRATA no Rio de Janeiro?O que fazer para materializar esta posssibilidade?

    • Equipe Abrata 10 de dezembro de 2014 às 11:32 - Responder

      Prezada Maria da Glória

      No momento arquivamos o projeto de abrir núcleos da ABRATA em outros Estados.
      Mas no RJ indicamos o Grupo GABrio – Grupo Afetivo Bipolar Rio – Local: Rio de Janeiro.
      Esse grupo é dedicado a portadores, pais, familiares e amigos, profissionais das áreas de saúde e a todos que se interessarem em saber mais sobre o Transtorno de Humor Bipolar.
      Mais informações: (21) 2576- 5198
      Av 28 de Setembro, 389 – Sétimo Andar – Auditório. Ed. Vila Trade Center –
      Vila Isabel – RJ

      Abraços
      Equipe ABRATA

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