Doenças mentais isoladamente não tornam as pessoas mais violentas

Maior tendência de pacientes ao abuso de drogas e álcool é motivador de crimes, diz estudo.

LONDRES – Doenças mentais como esquizofrenia ou transtorno bipolar, isoladamente, não tornam as pessoas mais violentas, mas a tendência de pessoas com problemas psiquiátricos ao abuso de drogas e álcool, segundo estudo publicado na revista científica Archives of General Psychiatry Journal.

Especialistas têm tentado há muito tempo compreender a ligação entre doenças mentais e violência, e esses resultados sugerem que a percepção generalizada da sociedade de que transtornos psiquiátricos tornam as pessoas mais propensas a crimes violentos é falha.

Pesquisadores da Grã-Bretanha e da Suécia, que estudaram as taxas de crimes violentos entre pessoas com transtornos mentais graves, disseram que a maior incidência de abuso de substâncias é o verdadeiro motivo.

Eles descobriram que, enquanto as taxas de crimes violentos são maiores entre pessoas com transtorno bipolar e esquizofrenia do que na população em geral, os índices são similares entre pessoas com doença mental e aquelas que abusam de substâncias, mas não têm problemas mentais.

Quando os resultados foram reavaliados para desconsiderar a influência de álcool ou drogas ilegais, as taxas de violência entre os pacientes psiquiátricos pouco mudaram em relação aos níveis da população em geral, afirmaram os estudiosos.

“O abuso de substâncias é realmente o mediador-chave de crimes violentos. Se você ignorar esse consumo, a contribuição da doença é muito pequena”, disse o especialista Seena Fazel, do departamento de psiquiatria da Universidade Oxford, que conduziu o estudo.

“É provavelmente mais perigoso andar perto de um pub de madrugada que do lado de fora de um hospital onde doentes mentais estão sendo liberados”, comparou o especialista.

Pesquisas anteriores demonstraram que cerca de 20% das pessoas com transtorno bipolar e 25% dos esquizofrênicos abusam de álcool e drogas – contra 2% da população em geral.

Segundo o médico, pacientes psiquiátricos frequentemente usam drogas ilícitas e álcool para tentar combater os sintomas ou os efeitos dos medicamentos, que podem agir como sedativos.

Na Inglaterra, vários casos criminais levaram à ideia de que os doentes mentais constituem uma ameaça para a sociedade. Essa percepção foi reforçada por relatórios divulgados no início deste ano em que o “Estripador de Yorkshire” – o serial killer Peter Sutcliffe – apelou contra sua sentença ao dizer que estava sofrendo de esquizofrenia paranoide quando assassinou 13 mulheres.

Fazel disse que a percepção pública de que o doente mental é uma ameaça levou a um grande número de pacientes psiquiátricos sendo colocados em hospitais nos últimos anos. “Tem havido uma espécie de reinstitucionalização dos pacientes com doenças mentais, sob o pretexto de que eles são perigosos”, disse a repórteres em coletiva.

O psiquiatra e colegas usaram registros de hospitais da Suécia para rastrear pacientes com diagnóstico de transtorno bipolar e, em seguida, procurar ligações com condenações por crimes violentos.

Visto que as taxas de doença mental e os índices de violência e de abuso de álcool e drogas são semelhantes na Suécia, no restante da Europa e nos Estados Unidos, os resultados poderiam ser aplicáveis a outros países, segundo os cientistas.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,doencas-mentais-isoladamente-nao-tornam-as-pessoas-mais-violentas,607611,0.htm

 

 

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DESTAQUES

2018-02-02T17:45:22+00:00 31 de outubro de 2012|Categorias: Blog, Sem categoria|5 Comentários

5 Comentários

  1. Márcio 31 de outubro de 2012 às 23:53 - Responder

    Em certos países da Europa é mais perigoso assistir uma partida de futebol, que andar ao lado de um bipolar, esses países tem a tendência de ditar o que pode ser, ou não pode ser perigoso, sendo bom lembrar que não existe condenação sobre pretextos de conter ( medidas reclusivas) o que não aconteceu. Uma boa parte desses bipolares simplesmente surgem em decorrência da banalização das leis, descaso das autoridades com a vida humana, a usurpação dos direitos do cidadãos e as tendências de globalização. E a necessidade dos profissionais da área psicológica em ganhar espaço no mercado globalizado, formando inúmeros profissionais sem mercado de atuação, faz chamar a atenção para coisas que nunca foram consideradas como perigosas, pode levar nações ao “pânico generalizado”, assim, teremos uma multidão de pessoas questionando se sobre os “surtos da vida moderna” constantes engarrafamentos, assaltos, brigas de torcidas, desemprego, corrupção,… esses fatores levam a massa a perder o senso de normalidade social, comprometendo o estado pisquico de cada elemento conforme seu modo de defesa, e se fossemos internar todos com o perfil traçado acima, o famoso solitário escritor Carlos Drumond de Andrade seria internado como “louco” devido o tipo de vida que levava em seu apartamento no Rio de Janeiro, Albert Einstein seria outro louco, Napoleão Bonaparte e outros tantos gênios, seriam considerados bipolares, esquizofrênicos, psicopatas, … O problema da violências esta relacionado no perfil imposto pela própria sociedade hipócrita, imagine se, em um campo e batalha assistindo todo tipo de ilegalidades, obscuridades, monstruosidades, … como se fosse normal matar gente por inanição ( continente africano), por preconceito, por diferença sociais, desvio de verbas públicas da saúde, por falha humana inaceitáveis ( O Boeing e o Legacy), por erro da justiça (Prisão de Guantánamo), e matar um terrorista e joga lo de avião em alto mar sem um julgamento!, … quem realmente é louco nesse mundo de absurdos ?
    sou apenas um paciente bipolar, ou como diziam no passado uma pessoa de gênio forte e pavio curto, porem, agindo dentro da lei sempre e muito são perto de tantos normais…

    • Equipe Abrata 3 de novembro de 2012 às 19:18 - Responder

      Estimado Márcio
      Muito obrigada por compartilhar as suas ideias conosco.

      A missão da Abrata é educar a sociedade sobre a natureza dos transtornos do humor, reduzir o estigma e melhorar a qualidade de vida dos portadores de transtornos de humor. O aprimoramento do diagnóstico e o aparecimento de novos medicamento impulsionaram a pesquisa sobre os transtornos do humor. Conhecer melhor o diagnóstico, as causas e o tratamento, oferece às pessoas, a sociedade e ao mundo, a oportunidade de minimizar os estigmas. A divulgação das pesquisas são importantes. Elas promovem os questionamentos, a conscientização e ainda levantam questões sociais como você nos trouxe, além de avançar nas medicações e ampliar os espaços para novas pesquisas.

      Enfim, é necessário que ocorra a disseminação de informações, fidedignas, para esclarecimentos e redução do medo, da ignorância e ainda reduzir o estigma associados a doença mental.

      O escritor Rubens Alves em seu livro “Sobre o Tempo e a Eternidade”, no artigo “Saúde Mental”, relata com muito clareza e bom humor, as discrepâncias, incoerências e entendimento acerca da saúde mental e doença mental. Se tiver oportunidade de ler, aproveite.

      E, aproveitando oportunidade faço a postagem do último paragrafo do referido artigo: “Seguindo essa receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram…”
      Abraço fraternal!
      Equipe Abrata

  2. jorge hamilton 4 de abril de 2013 às 02:38 - Responder

    SOU BIPOLAR, MAS INTELIGENTE, MEU PSIQUIATRA E PERITO FORENSE,EXCELENTE E RESPEITADO MEDICO, FUI DIAGNOSTICADO RECENTEMENTE, OBEDEÇO AS ORIENTAÇÕES DELE,TOMO OS MEDICAMENTOS,VOU COM FREQUENCIA AO MEDICO, NÃO MISTURO BEBIDAS ALCOÓLICAS E OUTRAS DROGAS ILÍCITAS,E ME SINTO BEM COM OS MEDICAMENTOS QUE ME CUSTAM CERCA DE TREZENTOS REAIS. FAÇO A MINHA PARTE, ME CUIDO, ME AFASTO DO QUE ME TRAI, INCOMODA, ABORRECE, SUBESTIMA E IRRITA. SEMPRE BUSCO A DEUS E NÃO DEIXO RELIGIÃO INTERFERIR NA MEDICINA… O MILITARISMO COM SUA PREPOTÊNCIA, ARROGÂNCIA E INCOMPREENSÃO ME ADOECERAM, NÃO SUPORTO INJUSTIÇAS, DESONESTIDADES E HIPOCRISIAS, E COM RESPEITO AOS COLEGAS MILICIANOS DE BOA ÍNDOLE, ODEIO OS DE MÁ ÍNDOLE,POLICIAIS CORRUPTOS,DESABUSADOS, OFICIAIS ESTOICISTAS E ASQUEROSOS, QUE SÓ HUMILHAM E OPRIMEM O SUBORDINADO, NÃO DESMERECENDO UM OU OUTRO OFICIAL QUE RESPEITA E COMPREENDE SEUS SÚDITOS, E AO MESMO PASSO NÃO JUSTIFICANDO O SUBALTERNO E OU SUBORDINADO INDISCIPLINADO,INCONGRUENTE E CORRUPTO OU MAU CARÁTER…
    OS BIPOLARES Q CONHEÇO E CONVIVO, SÃO DE GÊNIO FORTE POR NÃO TOLERAREM FALCATRUAS, INJUSTIÇAS,E HOMEM QUE NÃO ASSUME PAPEL DE HOMEM,E NÃO RESPEITA HOMEM COMO HOMEM.
    OBS.:AOS MILITARES RELEMBRO:CAUTELA,POIS ATRAS ATRAS DE UMA FARDA SEMPRE TEM UM HOMEM…
    PS.:A DIGNIDADE HUMANA É UM BEM INESTIMÁVEL…
    MEU FORTE ABRAÇO A TODOS OS BIPOLARES,QUE DEUS O TODO-PODEROSO VOS ABENÇOE,SE CUIDEM.
    ADEMAIS; A SOBERBA LEVA A RUÍNA, MAS A HUMILDADE, A HONRA. PROVERBIO DE SALOMÃO.

  3. sercel pirani 4 de setembro de 2015 às 13:50 - Responder

    Faz 64 anos que nasci bipolar, na fase “louco de raiva”, sou muito violento, já cheguei a destruir hospitais psiquíatricos, o bipolar é violento SIM, Hitler e Napoleão era bipolares muito violentos. escritorsercel@gmail.com

    • Equipe Abrata 6 de março de 2017 às 10:00 - Responder

      Olá Sercel.

      A doença bipolar, isoladamente, não torna as pessoas mais violentas, mas pode aumentar a prática do crime violento, se à doença se somar o abuso de drogas ou de álcool.
      Um estudo realizado na Suécia mostrou que 21% dos pacientes com distúrbio bipolar e um diagnóstico concomitante de abuso grave (álcool ou drogas ilegais) foram condenados por crimes violentos, em comparação com 5% das pessoas bipolares, mas sem abuso de substâncias, e 3% entre os indivíduos do grupo de controle. “Curiosamente, estes dados vêm ao encontro de estudos anteriores sobre esquizofrenia, outra doença psiquiátrica grave, que constatou que estes doentes não são mais violentos que outra pessoa qualquer, desde que não haja abuso de substâncias”, considerou, em comunicado de imprensa, um dos líderes do estudo, o professor Niklas Langstrom, director do Centro de Prevenção da Violência do Karolinska Institutet.

      Deste modo, os cientistas apelam para que os doentes mentais não sejam estigmatizados como potenciais criminosos e reforçam a necessidade de iniciativas para prevenir, identificar e tratar o abuso de substâncias de modo a combater o crime violento.
      Com o tratamento adequado combinado com psicoterapia é possível controlar os sintomas indesejáveis.

      Abs.
      Equipe ABRATA.

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