Maioria dos depressivos não sabe que tem a doença, que pode levar à morte

A depressão sempre existiu na vida humana, mas nem sempre foi reconhecida como uma doença. Até hoje, muitos pacientes não recebem o tratamento adequado por ignorarem os sintomas ou simplesmente não saberem identificá-los. Um estudo feito a nível global apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que, no Brasil, apenas 37% dos depressivos graves recebem algum tipo de tratamento, e que a maioria nem sabia da sua própria condição.

O psiquiatra Dr. Fernando Portela, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que existem dois tipos de depressão. A primeira é a reativa, que se manifesta devido a algum evento na vida do indivíduo que o deixou daquele jeito, como a perda de um ente querido ou de um emprego importante, e que eventualmente some de forma natural. O outro tipo é a doença em si, que não tem causa aparente e não necessariamente é desencadeada por um acontecimento triste. É uma condição pré-existente no indivíduo, que se diferencia da melancolia por ser um quadro prolongado e que independe da iniciativa do paciente. “O melancólico sabe que algo está errado e procura fazer alguma coisa para melhorar. A pessoa depressiva é tomada, é engolida pela doença”, define o psiquiatra.

O especialista descreve a depressão como um estado que dura pelo menos duas semanas em que o paciente perde o interesse nas coisas que anteriormente fazia. “O indivíduo se sente ansioso, pode apresentar perda de apetite ou fome maior do que o normal, perda do interesse sexual que antes tinha e dificuldade com o sono, passando a acordar muito cedo. Ele começa a se amofinar, não consegue sair desse estado e isso o deixa angustiado e preocupado”, descreve o especialista. “Nos casos mais agravados, o sujeito não sai mais de casa, acorda com dificuldade, o dia para ele é sombrio, e o grau de angústia chega a tal ponto que ele pode chegar ao suicídio”, completa.

Existem outras formas nas quais a doença pode se manifestar. Além da depressão menor e maior, descritas acima, existe também a distimia, condição em que o paciente se mostra constantemente irritado, sentindo-se insatisfeito com tudo, mostra baixo rendimento no trabalho e permanece em um estado de inquietude e insatisfação. Sua autoestima fica muito baixa, pois sente que não consegue trabalhar direito, nem satisfazer a família ou os amigos, e também apresenta falta de interesse em geral. A distimia só é diagnosticada quando o paciente apresenta os sintomas por, no mínimo, dois anos.

Outra variação da doença, que o Dr. Fernando descreve como sendo muito grave, é o transtorno bipolar, caracterizado pela mudança abrupta de humor. “Em um momento a pessoa está eufórica, falante, e no próximo cai em uma depressão profunda: não toma banho, não se cuida, não sai mais de casa e pode, inclusive, cometer suicídio”, descreve.

A depressão pode até causar dores físicas, como a lombar, articulares, enxaqueca, entre outras. Segundo o psiquiatra, as causas dessas reações ainda são um grande enigma, mas é possível que fatores imunológicos tenham participação.

O tratamento muitas vezes é acompanhado de visitas ao psicoterapeuta, mas o fundamental é a medicação, que, segundo Dr. Fernando, é a responsável por tirar o paciente da depressão. “O ponto mais importante é que o médico oriente o paciente sobre o que está acontecendo e deixe muito claro que o tratamento será longo. O antidepressivo não age da noite para o dia, geralmente leva de 15 dias a um mês para fazer efeito e o paciente se sentir bem. Mas o tratamento não acaba aí, pode se prolongar por meses, anos ou pela vida toda. O medicamento deve ser mantido até que os neurotransmissores sejam equilibrados”, explica. “O grande problema é quando o paciente abandona o tratamento antes de ficar estabilizado porque pensa que já está bem. Toda vez que ele tem uma recaída, é mais difícil de tratar”, alerta.

Força de vontade:  Segundo Dr. Fernando, a “falta de força de vontade” é uma invenção de pessoas que ainda enxergam a depressão com preconceito e não a reconhecem como doença. “Isso só faz com que o depressivo sofra mais. Ele luta internamente para sair daquela situação, mas não consegue”, explica.

Ele explica que a participação da família é fundamental no diagnóstico e tratamento da doença. “Pode acontecer de a pessoa negar que está doente e se recusar a buscar ajuda médica. A família deve apoiá-la e oferecer ajuda, mas nunca abandoná-la. O deprimido não pode ficar sozinho, ele tem que se sentir apoiado, assistido, isso facilita bastante a evolução da doença”, orienta Dr. Fernando, que também recomenda o engajamento em atividades sociais ou mesmo voluntárias para que o paciente desenvolva os sentimentos de obrigação e compromisso.

Fique atenta aos sinais:  Segundo a OMS, a pessoa que apresenta ao menos cinco dos seguintes sintomas é considerada depressiva:

  • Alteração do apetite
  • Alteração do sono
  • Desinteresse geral
  • Desinteresse sexual
  • Dificuldade de concentração
  • Baixa autoestima
  • Pensamentos relacionados à morte
  • Ansiedade com movimentos repetitivos (mexer constantemente as pernas, mãos, cabeça, etc.)
  • Paralisia geral (por exemplo, ficar na cama por dias)
  • Sentimento permanente de culpa e inutilidade
  • Fadiga ou perda de energia, diariamente
  • Alteração de peso não intencional

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria http://www.abp.org.br/portal/archive/11363  – Publicado em 08/02/2013

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DESTAQUES

2018-02-02T17:44:07+00:00 15 de fevereiro de 2013|Categorias: Blog, Sem categoria|15 Comentários

15 Comentários

  1. fabiana aparecida de lima 6 de março de 2013 às 22:48 - Responder

    Sou depressiva,bipolar e estou em crise preciso de ajuda,faço tratamento ha mais ou menos 10 anos,me afastei de amigos,parentes,pois todos acham drama,loucura ou falta de força de vontade….só choro e tenho vontade de sumir,meu mundo é negro,familia só cobra….to no limite do esgotamento socorrooo

    • Equipe Abrata 7 de março de 2013 às 12:23 - Responder

      Prezada Fabiana
      Bem Vinda a ABRATA! Obrigada pelo contato

      Fabiana, inicialmente, o que podemos lhe dizer é siga regularmente o tratamento, assim você poderá controlar as crises de depressão que trazem os pensamentos ruins, as tristezas e o mundo negro como vc relata. Se estes pensamentos continuam, comunique ao seu médico. Ele poderá fazer ajustes na medicação ou adotar um tratamento mais intensivo para proteger você. Procure também, um apoio psicológico e social, como uma psicoterapia ou grupos como a ABRATA. Esse tipo de ajuda diminui a solidão e o isolamento e pode ser útil para você. Se você tiver uma religião procure frequentá-la. A atividade religiosa ajuda a dar um sentido para a vida e nos dá apoio em momentos difíceis.

      Fabiana caso resida em SP, venha a ABRATA, participe das atividades em grupos. São atividades onde vc poderá trocar experiências, compartilhar vivências, buscar soluções e se ajudar de forma solidária, buscando suporte, apoio e conforto uns aos outros. Também convide os seus familiares para conhecer a ABRATA. A associações oferece atividades específicas para os familiares.

      Caso você precise conversar com urgência, ligue para o CVV (telefone 141), que funciona 24 horas por dia e 07 dias por semana.
      Abraço fraterno
      Equipe Abrata

  2. mariana 21 de agosto de 2014 às 19:39 - Responder

    Não consigo sequer explicar a alguém o que estou a sentir. Acho as pessoas todas burras, mas quando estou com elas até tolero. Quando chego a casa desabo. Choro sem motivo aparente, sinto uma raiva incontrolável ao ponto de morder a almofada para me controlar. Não tenho vontade de me levantar de manhã, apesar de ter coisas para fazer e acaba por ser esse compromisso que me obriga a levantar. Mas vontade? Não tenho. Sempre pensei na morte mas agora cada vez com mais frequência porque me sinto completamente incompreendida neste mundo. Parece que estou sozinha. Escondo-me atrás de uma carapaça muito forte e toda a gente pensa que sou inquebrável. Não sei o que fazer. Sinto que se continuar assim alguma coisa não vai correr bem.

    • Equipe Abrata 22 de agosto de 2014 às 15:49 - Responder

      Olá Mariana

      O transtorno do bipolar provoca alterações do humor, desde infelicidade profunda (depressão), passando por euforia energética, a um estado de espírito misto no qual uma energia agitada se combina com sentimentos de tristeza desesperada. O seu relato, sugere um quadro parecido com depressão. É essencial vc buscar o apoio de um médico especializado, de um psiquiatra. Vc de fato deve estar sofrendo muito. Procure também o apoio de uma familiar, de uma pessoa de confiança e peça ajuda, peça apoio, desde para lhe ouvir, como para ajudá-la a procurar o psiquiatra. Com as medicações corretas e até mesmo com o apoio de um psicólogo, os sintomas desagradáveis devem desaparecer. Mas, isso vc não conseguirá sozinha, sem a ajuda e diagnóstico de um médico.
      Procure o mais breve o apoio de um profissional! Evite ficar sozinha e caso sinta-se vontade de conversar com alguém ou ligue no CVV – Centro de Valorização da Vida. É um lugar para buscar um apoio imediato, caso surjam os pensamentos de morte, suicídio. Eles tem um canal de pronto atendimento por telefone. Seguem os contatos: CVV – Centro de Valorização da Vida Ligue: 141 ou Acesse: http://www.cvv.org.br ou isite pessoalmente o posto mais próximo de você.

      Abraços
      Equipe ABRATA

  3. Thais Almeida 4 de outubro de 2014 às 08:26 - Responder

    Estou me sentindo triste sempre,a alegria q tinha antes não tenho mais. Não sinto vontade de trabalhar e não consigo ficar em casa posso dormir a hora q for q antes das seis da manha estou de pé não sei como agir e o q fazer.

    • Equipe Abrata 9 de outubro de 2014 às 17:44 - Responder

      Olá Thais

      O seu relato sugere sintomas de depressão. Vc precisa, o mais breve possível, procurar um médico psiquiatra para apoiá-la. Saiba que vc não é única pessoa a passar por estas sensações e sentimentos desagradáveis. É confortador saber que inúmeras pessoas como vc apesar dos sintomas relatados, quando buscam o tratamento médico resgatam as suas vidas e passam a viver uma vida plena e produtiva. Com uma boa orientação e medicamentos, os sintomas reduzem, alguns desaparecem e vc passa a viver a vida que deseja.
      Porém reforçamos que para fazer o diagnóstico é extremamente importante e quanto mais cedo melhor buscar o apoio médico. A depressão não é uma doença que se deva diagnosticar sozinha. Para obter um diagnóstico clínico terá que consultar um médico psiquiatra.
      Caso sinta-se sem ânimo para buscar um psiquiatra, peça a ajuda de um familiar ou de uma pessoa da sua confiança. Sempre é bom ter uma pessoa amiga e solidária por perto. Evite ficar sozinha.
      Não sofra mais, é essencial preservar a sua saúde física e mental. Se cuida!
      Conte com a ABRATA!

      Abraços
      Equipe ABRATA

  4. Râmela Kamila 11 de novembro de 2014 às 15:40 - Responder

    Eu estou muito confusa ultimamente,me sinto muito triste e não sei porque,de uns dias pra cá eu não tô conseguindo dormir nem conversar com meus amigos me sinto fora desse mundo distante e solitária.Ontem quando eu conseguir dormir sonhei que cortava meus pulsos, parecia tão real que a angústia que me aflige me fez ver que sou inútil,não farei falta pra ninguém.Ultimamente comer pra mim tem sido deprimente não sinto vontade nem disso…o que ta acontecendo comigo…

    • Equipe Abrata 13 de novembro de 2014 às 21:31 - Responder

      Olá Ramela Kamila

      Considerando o seu relato, sugerimos que vc procure um psiquiatra e relate os sintomas que descreve. Quanto mais cedo se cuidar, buscando o apoio e diagnóstico clínico, descobrirá o que está acontecendo com vc. Evite, tentar descobrir, sozinha, o porque desses pensamentos e sentimentos de desqualificação.

      Aproveitamos a oportunidade para informar que nossas atividades são desenvolvidas por voluntários, não médicos.
      Abraços
      Equipe ABRATA

  5. Lara Cristina 12 de fevereiro de 2015 às 15:55 - Responder

    De uns dias para cá sinto que não tenho amigos, sinto que nada faz sentido, não entendo para que nasci, as vezes acho que nem mesmo minha família me ama, queria que tudo fosse diferente não consigo mais mi relacionar com as pessoas quando olho no espelho não imagino que sou, não consigo me aceitar tenho diariamente dores no corpo. me sinto vazia sem explicação pro que sinto não consigo acorda sempre tenho desamino choro diariamente sem motivo, não tenho vontade de estar perto de ninguém, não acredito em ninguém, sempre quero estar sozinha e um vazio tao grande o que esta acontecendo comigo?

    • Equipe Abrata 23 de fevereiro de 2015 às 01:13 - Responder

      Querida Lara Cristina

      Vc não diz a idade que tem, mas parece ser ainda muito jovem e relata muitas dúvidas em relação a vida, aos relacionamentos e ao afeto. Vc já pensou na possibilidade de procurar uma psicóloga e conversar sobre tudo isso que nos relata?
      Caso vc seja muito jovem, uma adolescente sugerimos que converse primeiro com os seus pais, ou com uma pessoa da sua confiança, uma tia, uma prima adulta, sobre os sentimentos que está sentido e peça ajuda. Não fique sozinha com todas estas angústias que muito lhe aflige. O seu relato em alguns momentos sugerem um quadro depressivo e caso seja isso precisará de um tratamento e cuidados médicos. Por isso é muito importante conversar com os seus pais. Eles cuidarão de vc! Peça para leva-la a um psicólogo ou a um psiquiatra. Diga que vc está precisando, que está sentindo-se infeliz, com algumas tristezas, desânimos e choros sem motivo. Confie em seus pais, peça ajuda!
      Grande abraço
      Equipe ABRATA

  6. Jose 16 de fevereiro de 2015 às 15:04 - Responder

    Isso é falta do Espirito de Deus…busque a Deus na catedral del castilho…e vc recebera vida nova…derramará em ti, o Espirito de alegria q ha nele…amem

  7. Jordana 12 de junho de 2015 às 15:28 - Responder

    Eu tenho depressão recorrente crônica, fibromialgia e síndrome do pânico. Não consigo me relacionar com a família, muito próximos, morava junto com a minha mãe e semana passada ela foi embora, cuidava da minha filha pra eu trabalhar, coloquei minha menina numa escola de tempo integral e estou tentando continuar. Essa fase da última troca de remédio acabou com a estabilidade de humor q eu havia conseguido. Enfim uma droga de vida como todos q tem esses problemas.Estou cansada de tudo isso só não dou um fim em tudo isso por causa da minha filha, pq se não fosse por ela eu já teria acabado com essa vida.

    • Equipe Abrata 28 de junho de 2015 às 20:17 - Responder

      Olá Jordana

      Solidarizamos com o seu relato. Cuidar de vc e da sua filha de fato, no momento deve estar sendo uma árdua tarefa. Na fase depressiva, a pessoa reage às situações estressantes com sofrimento maior e mais prolongado, desproporcional ao estímulo. Tudo se transforma em problema e os problemas tornam-se mais pesados e difíceis de resolver. E as vezes prefere se isolar. A depressão muitas vezes começa como uma ferida invisível, e você, como muitos outros, descobriram que ela pode levar a uma ferida visível, o corte. Deixe-nos felicitá-la em buscar apoio sobre o que fazer a seguir. Combater sozinha a depressão em vão vai ajudá-lo a começar a ganhar o controle do mesma, ao invés dela poderá manter o controle sobre seus pensamentos, sentimentos e ações. Seus sentimentos de desesperança não são a verdade. Quando você se sente assim? Saiba, é a sua doença falando. Procure o apoio de um psiquiatra ou mesmo de um psicólogo, neste momento é essencial. Sabemos que os sentimentos que relata são profundamente verdadeiros e reais. peça apoio aos seus familiares ou aos amigos que confia.
      Grande abraço
      Equipe ABRATA

  8. vera-eberle2011@hotmail.com 19 de agosto de 2016 às 23:42 - Responder

    Eu me sinto forçada a continuar vivendo. Por que preciso cuidar da minha mãe que tem 79 anos e tem Parkinson.
    Eu sei que Deus não perdoa aquele que tirar a sua vida. Mas tá muito difícil viver. Acordar e levantar todos os dias. Se eu pudesse apenas não ter nascido.
    Me ajudem.

    • Equipe Abrata 1 de fevereiro de 2017 às 11:46 - Responder

      Olá Vera.
      Você já se consultou com um médico psiquiatra para avaliar os sintomas que apresenta? Às vezes, desconhecemos os sintomas depressivos.
      Segundo a Organização Mundial de Saúde, a pessoa que apresenta ao menos cinco dos seguintes sintomas é considerada depressiva:

      Alteração do apetite
      Alteração do sono
      Desinteresse geral
      Desinteresse sexual
      Dificuldade de concentração
      Baixa autoestima
      Pensamentos relacionados à morte
      Ansiedade com movimentos repetitivos (mexer constantemente as pernas, mãos, cabeça, etc.)
      Paralisia geral (por exemplo, ficar na cama por dias)
      Sentimento permanente de culpa e inutilidade
      Fadiga ou perda de energia, diariamente
      Alteração de peso não intencional.
      Com o controle dos sintomas, você poderá levar uma vida normal.
      Cuide-se, está bem?
      Abraços.
      Equipe ABRATA.

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