PERGUNTAS MAIS FREQUENTES

 1. O que é transtorno bipolar do humor?

É uma doença que se caracteriza pela alternância de humor: ora ocorrem episódios de euforia (mania), ora de depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o passar dos anos, os episódios repetem-se com intervalos menores, havendo variações e existindo até casos em que a pessoa tem apenas um episódio de mania ou depressão durante a vida.

A pessoa com transtorno bipolar do humor pode apresentar grandes oscilações no seu estado de humor, atrapalhando muito o andamento de sua vida no trabalho, nas relações afetivas e familiares. É um transtorno frequente acometendo de 0,5% a 1% da população em geral. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que o TBH é a sexta maior causa de incapacitação no mundo.

2. Quais são as características do transtorno bipolar do humor?

Os episódios depressivos se caracterizam por humor deprimido, melancolia, com duração de pelo menos duas semanas. Os pacientes apresentam angústia, ansiedade, desânimo e falta de energia, pessimismo, ideias de culpa, baixa autoestima, inutilidade e fracasso. Em geral, queixam-se de alteração do sono e do apetite. Podem apresentar ideias de morte e até suicídio.

Os estados de euforia/mania/hipomania se caracterizam por exaltação do humor e aumento de energia, pensamento acelerado, ideias de grandeza, impulsividade, aumento da disposição física, diminuição da necessidade de sono e falta de crítica. Os casos mais graves podem apresentar delírios e alucinações.

Os episódios mistos se caracterizam pela presença concomitante de sintomas depressivos e de exaltação de humor.

3. É uma doença hereditária?

A hereditariedade é um importante fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento do TBH. Cerca de 50% dos portadores apresentam pelo menos um familiar com esse transtorno. No entanto, a doença pode não se manifestar imediatamente de uma geração para a seguinte, pulando uma geração, e não necessariamente surgir em todos os membros da família.

4. É possível identificar sinais precoces de TBH em crianças e adolescentes?

Numerosos trabalhos recentemente publicados têm mudado a afirmativa de que o transtorno bipolar com início na infância e adolescência seria extremamente raro ou mesmo uma condição clínica inexistente. Isso se explica pela dificuldade em identificar os sintomas nessa faixa etária e por sua superposição com outros quadros mais bem estudados na população pediátrica. Crianças e jovens apresentam quadro clínico diferente dos adultos, muitas vezes surgindo como a primeira manifestação do transtorno um episódio de depressão em crianças sem nenhum transtorno prévio.

Podemos suspeitar de um TBH quando a criança ou o adolescente apresentar: humor elevado ou expansivo; grandiosidade; humor irritado ou explosivo; aumento da energia e nível de atividade; pensamento abundante e acelerado; comportamento desinibido; tagarelice; hipersexualidade; brincadeiras e risos inapropriados; envolvimento em situações arriscadas.

5. Qual é o papel da família no diagnóstico e na adesão ao tratamento?

Sendo o relacionamento interpessoal um dos possíveis gatilhos desencadeadores de sintomas, a família e as pessoas mais próximas dos portadores são peças fundamentais na aderência, no aumento de prognósticos positivos ao tratamento e na diminuição do preconceito.

Os familiares, assim como os cuidadores, podem favorecer muito que o portador seja visto como um ser humano, para além da sua doença.

6. Quais são os tratamentos medicamentosos?

Existem vários tipos de substâncias usadas no tratamento do transtorno bipolar, dependendo do estado em que o paciente se encontra: estabilizadores do humor, antidepressivos, antipsicóticos e tranquilizantes.

Para tratar uma crise de depressão pode ser necessário o uso de antidepressivos, se os estabilizadores do humor não forem suficientemente eficazes; numa (hipo)mania, apenas estabilizadores do humor podem resolver ou se adiciona antipsicóticos e tranquilizantes. Esses são os tratamentos de fase aguda.

Quando a pessoa já teve pelo menos três crises ou uma muito séria e tem o diagnóstico de transtorno bipolar do humor, é aconselhável não adiar o tratamento de manutenção, para evitar ou reduzir a gravidade de novos períodos de doença. Os estabilizadores do humor podem bastar para controlar uma (hipo)mania ou estado misto, mas são os remédios ideais para o tratamento de manutenção ou preventivo de novos episódios do transtorno bipolar.

7. Quais são os tratamentos não medicamentosos?

Reforçando que o tratamento de base é o medicamentoso, existem abordagens complementares e necessárias: psicoterapia individual, grupo, casal, família e ludoterapia, de acordo com a necessidade de cada caso. Vale ressaltar a importância dos grupos de apoio e das palestras psicoeducacionais.

8. Qual é o papel dos grupos de apoio e das palestras psicoeducacionais na sensibilização e na aderência ao tratamento?

Quanto mais informação os familiares e os pacientes tiverem sobre o TBH, melhor será a adesão ao tratamento e maior será o apoio da família. Para tanto, a ABRATA oferece:

  •  grupos de apoio mútuo, constituídos de pessoas que apresentam problemas em comum, ligados ao transtorno do humor, cuja finalidade é trocar experiências, compartilhar vivências, buscar soluções e prestar ajuda, apoio e conforto;
  • encontros psicoeducacionais: palestras que têm como objetivo informar e esclarecer os presentes sobre a doença;
  • curso aberto sobre transtornos do humor: palestras informativas de base científica sobre os transtornos do humor para portadores das doenças, familiares e profissionais;
  •  interatividade entre familiares e portadores: grupo vivencial mensal com portadores e familiares de portadores. Nesses grupos são trabalhadas as relações interpessoais, no contexto familiar, que estejam sendo permeadas pelos “gatilhos” disparadores de sintomas, contrastando-se com os vínculos na ausência destes (gatilhos), para gerar relacionamentos mais saudáveis.

9. Quando a eletroconvulsoterapia (ECT) é indicada no tratamento do TBH?

A ECT é um dos tratamentos antidepressivos e antimaníacos mais eficazes, indicado nos extremos da mania e da depressão, para prevenir exaustão ou suicídio, pelo rápido tempo de ação. Inclui empregar pequenas correntes de energia durante rápida aplicação de anestesia geral, para obter uma convulsão de alguns segundos de duração. Jamais deve ser considerado tratamento de última escolha, prolongando inutilmente o sofrimento pela falta de melhora com os medicamentos. É o mais seguro em gestantes e idosos e pode salvar a vida do paciente.

10. Há risco de suicídio em pacientes bipolares?

O TBH se caracteriza por um espectro com diversos matizes onde a doença se diferencia por graus de sintomas podendo em alguns casos o paciente apresentar uma depressão tão intensa que o leve a ideações e tentativas podendo chegar à concretização do ato suicida.

A rede de relacionamentos interpessoais ampliada deve levar em consideração todas as manifestações do paciente como passíveis de acontecer, incentivando o portador a procurar seu médico.

11. Quais as consequências advindas da falta de adesão ao tratamento?

Os pacientes que não aderem ao tratamento de forma eficaz tendem a ter um maior número de episódios depressivos e maníacos/hipomaníacos e mais intensos. Podem necessitar de reinternações frequentes, causando desgaste no relacionamento interpessoal e familiar.

Fonte: Manual Informativo ABRATA – Dra. Sonia Palma – Psiquiatra infantil, doutoranda do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP – SP, Voluntária e membro do Conselho Científico da ABRATA.

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2018-02-02T17:15:16+00:00 12 de abril de 2013|Categorias: Blog, Sem categoria|0 Comentários

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